sexta-feira, 29 de junho de 2018

nas sextas eu crio contos

socialmente falando ainda somos muito diferentes
a história do "somos todos um" só acontece dentro de aldeias e centros espirituais
quando você põe o pé fora desse antro religioso e precisa encarar a sociedade, esse discurso não me protege do olhar encardido de homens que me seguem quando passo na frente do bar
quando eu falo de privilégios, eu falo do que sinto na pele
Nos meus 25 anos de vida eu não encontrei um só cara suficientemente desconstruído que me fizesse querer ficar
desconstruído, porque é preciso existir desconstrução diante de uma sociedade tão podre que julga antes de ter empatia
que deixa crianças morrerem e invisibiliza dependentes químicos, moradores de rua, mães solteiras, negros e pobres
talvez as próximas gerações carreguem um pouco de esperança
o despertar está acontecendo, muitos estão mais conscientes do que nas gerações anteriores
eu não gosto de História porque eu sei que ela tende a se repetir
Não que as mulheres sejam santas
mas a construção do ego masculino é violenta
Se fosse só pra sexo eu comprava um vibrador
o que eu quero vai muito além do que qualquer homem dessa geração um dia pode sonhar em dar
Ser bissexual é divertido
é hétero demais pros gays
e gay demais pros héteros
você não existe e não ter uma identidade significa que ninguém vai encher seu saco
"é frescura, é só uma fase, um dia volta ao normal" eles vão dizer
isso alivia a ansiedade dos que estão presos nessa Matrix e acreditam na normalidade
Eu continuo beijando bocas e criando poemas sobre os amores que nunca serão meus
Pobre daquele que nunca teve o amor de uma mulher
jamais saberá o quanto a vida pode ser colorida


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