domingo, 30 de outubro de 2016

Sobre feminismo e céticos do assunto.

Acabo de ver um video de uma garota youtuber -já começou errado-, muito bonita, maquiada, falando bem e visivelmente classe média alta brasileira. Essa a quem vos falo, estava detonando o movimento feminista. Usou termos como "não preciso ser feminista para defender a liberdade feminina", "teoria da conspiração", "vitimismo", "manipulação em massa"... Entre outras ideias geniais.
Fiquei pensando no que diria a ela.
Amore, o movimento feminista não foi feito pra você. E é muito bom que a senhora não participe dele mesmo. Mas te digo uma coisa: Todas as mulheres que eu já ouvi criticarem o feminismo, hoje são feministas de carteirinha assinada. Sabe por quê?
Você é jovem, e graças a Deus não passou por nenhuma situação em que disse: Eu preciso de ajuda, e não é dos meus pais, não é dos meus amigos, não é da polícia, não é um psicólogo. Eu preciso da ajuda de quem já passou por isso.
Eu sempre fui feminista, desde criança. Acho que já nasci feminista porque nasci pra carregar um peso gigante nas minhas costas.
Fui violentada quando criança durante anos. Pra ser mais precisa: Dos 4 aos 7 anos por pessoas diferentes. Homens diferentes.
E não, não foi culpa da minha mãe, porque essa violência acontecia dentro de casa sem ela saber. Eu só consegui contar isso para alguém aos 20 anos, depois de descobrir ATRAVÉS DO MOVIMENTO FEMINISTA, que isso era muito mais comum do que é relatado por aí. Entrei em contato com várias outras mulheres que sofreram a mesma coisa, e eu que tinha vergonha do que me  aconteceu, não tenho mais, hoje eu digo que fui vítima sem ter vergonha disso, por que eu não tenho culpa do que me aconteceu, assim como nenhuma outra mulher tem culpa do que aconteceu com elas.
E só dentro do movimento feminista que me senti confortável para me abrir. Porque o feminismo faz o que ninguém faz por nós: Nos acolhe.
Mas acolhe quem realmente precisa, acolhe quem sofre.
Agora, você, querida patricinha do mundo cor-de-rosa, que o maior problema que já passou na vida foi o porre na balada, coloque-se no seu lugar.
Não gosta do feminismo porque não concorda com os ideias políticos?
Seu lugar não é no feminismo, é em rodinha punk de faculdade particular. É na mesa do barzinho atrás da faculdade, que só a entrada é o valor do VR de muita gente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário