Sou uma grande amiga da solidão. Gosto dela, não vou mentir.
As vezes ela me incomoda, como qualquer presença incomoda depois de algum
tempo. Mas ela é uma grande amiga. Foi uma grande amiga quando a primeira maior
tragédia da minha vida aconteceu, um ex-namorado atentou contra a própria vida.
E eu me senti só pela primeira vez. Completamente só. Deitada em meu leito
apenas esperando o tempo passar. Claro que a vida não para pra ninguém. Mas
naquela época eu podia ficar trancada no meu quarto por dias. Hoje, por mais
que eu queira, compromissos precisam ser cumpridos. Muitas e muitas pessoas
dependem da minha existência, da minha pontualidade, da minha organização.
Claro que, eu não dependo deles. A qualquer momento eu posso simplesmente
dizer: “Chega!”. Sair por aí como se não houvesse rumo, mesmo sabendo que o rumo
seria o litoral. Seja ele da onde fosse. Sentir a brisa do mar tocando meu
rosto, suavemente. Sentir o cheiro da maresia, olhar para o infinito e saber
que eu nada sou além de um grãozinho de poeira, preenchida por átomos e muito
espaço. Cair na real é doloroso, e não dói menos conforme os anos chegam. A
diferença é como podemos lidar com esse sentimento, essa dor. O amadurecimento
é rico em vitaminas, nos faz fortes. Espero que possamos sempre ver a vida com
os olhos de uma criança e enfrentar os desafios com a graça de um adulto. Ainda
que nossa vida seja efêmera, um grão de poeira, um sopro, não a desprezemos
como se de nada valesse. 
Seja uma obra de arte. A arte quebra as barreiras do tempo.
A arte eterniza momentos. A arte diz o que palavras não conseguem expressar. Se
você ama, torne esse amor em arte. Se você odeia, torne seu ódio em arte.
Quanto mais intenso seu sentimento, mais linda, viva e expressiva sua arte.
Quanto mais dor você colocar naquilo, mais irão te aplaudir e te admirar.
No final das contas é isso o que queremos: Sermos notados.
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