quinta-feira, 12 de abril de 2018

la ultima cena


Sou uma grande amiga da solidão. Gosto dela, não vou mentir. As vezes ela me incomoda, como qualquer presença incomoda depois de algum tempo. Mas ela é uma grande amiga. Foi uma grande amiga quando a primeira maior tragédia da minha vida aconteceu, um ex-namorado atentou contra a própria vida. E eu me senti só pela primeira vez. Completamente só. Deitada em meu leito apenas esperando o tempo passar. Claro que a vida não para pra ninguém. Mas naquela época eu podia ficar trancada no meu quarto por dias. Hoje, por mais que eu queira, compromissos precisam ser cumpridos. Muitas e muitas pessoas dependem da minha existência, da minha pontualidade, da minha organização. Claro que, eu não dependo deles. A qualquer momento eu posso simplesmente dizer: “Chega!”. Sair por aí como se não houvesse rumo, mesmo sabendo que o rumo seria o litoral. Seja ele da onde fosse. Sentir a brisa do mar tocando meu rosto, suavemente. Sentir o cheiro da maresia, olhar para o infinito e saber que eu nada sou além de um grãozinho de poeira, preenchida por átomos e muito espaço. Cair na real é doloroso, e não dói menos conforme os anos chegam. A diferença é como podemos lidar com esse sentimento, essa dor. O amadurecimento é rico em vitaminas, nos faz fortes. Espero que possamos sempre ver a vida com os olhos de uma criança e enfrentar os desafios com a graça de um adulto. Ainda que nossa vida seja efêmera, um grão de poeira, um sopro, não a desprezemos como se de nada valesse.
Seja uma obra de arte. A arte quebra as barreiras do tempo. A arte eterniza momentos. A arte diz o que palavras não conseguem expressar. Se você ama, torne esse amor em arte. Se você odeia, torne seu ódio em arte. Quanto mais intenso seu sentimento, mais linda, viva e expressiva sua arte. Quanto mais dor você colocar naquilo, mais irão te aplaudir e te admirar.
No final das contas é isso o que queremos: Sermos notados.

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