Eu, sozinha, tenho a força da Deusa
Desde o começo do meu sexo até o último fio dos meus cabelos encaracolados
meu corpo é música, ritmicamente desenhado por minha expressão corporal pontualíssima
Minha boca, meus dentes, minha língua mordem e mastigam com a mesma vontade de uma matilha de lobos
Meus lábios são de mel e veneno, amor e ódio, vida e morte
Coloco meu desejo dentro de um pote, e o espalho quando necessário
Os medos que me cercam, os espíritos que me rodeiam, me sugam, me devoram
Me querem com eles, incessantemente...
Meus olhos nunca se fecham, eu nunca efetivamente durmo
Vomito meus anseios, refuto minha indigestão do mundo
Vejo os erros, vejo meus erros, vejo a impaciência, vejo a falsidade, vejo a falta de senso
vejo a traição a cada passo que dou
Minhas mãos servem para sentir meu corpo
Não o corpo de outros
enójo quem com o tato, tateia outros corpos sem permissão, apenas por bel prazer
Sinto o cheiro de sangue e carne, e me são prazerosos
não a carne podre, dos animais que comemos e envenenam nosso espírito
a carne fresca, de quem se renova a cada dia
A carne de quem se fere, de quem é apedrejado, açoitado, quebrado
e revive, e renasce, e se refaz.
Eu mulher, dona de mim, dona do meu sexo e do meu prazer
eu escolho, eu não me curvo
Eu não deixo que me usem
e eu não permito que me matem. 
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