Meu entusiasmo por Nietzsche é grande. Lembro-me do primeiro contato com a lembrança desse ser de luz, aos 16 anos. Um homem curioso a mim. Primeiro o nome, depois uma frase, em seguida um documentário. Quando me dei conta estava lendo toda sua biografia. Nietszche é, assim como eu. Humano, demasiado humano.
Ainda era uma criança com temperamento febril quando comecei a me interessar por filosofia. Curiosamente, nunca tirei boas notas na escola. Lembro-me muito bem de todos os professores me olharem sem entender o que eu tinha. Quase todos me julgavam, e balbuciavam coisas grotescas para se dizer a uma criança.
O dom da oratória não se alojou em mim. Graças a Deus.
Mas minhas redações eram lidas, por todos os professores, todos os anos, em frente a toda a classe, desde que me entendo como estudante.
Nada me deixa mais desconfortável a ter que falar sobre meus sentimentos. Falar sobre meus pensamentos.
Por isso escrevo. Por isso danço. Por isso fotografo.
Há muitas outras formas de dizer o que queres
Há formas de se expressar que não se limita a emitir qualquer som, qualquer diálogo idiota.
Meu lado mais estúpido, odeia pessoas que falam.
Me irrita ouvir pessoas falando.
Meu maior fetiche é costurar a boca de quem fala demais
Só Deus sabe o quão detalhadamente consigo me imaginar passando uma linha por entre os lábios ansiosos dos faladores
Nietszche dedicou boa parte do seu tempo estudando a dança, a música e a forma como o ser humano consegue criar arte.
Pouco falava, muito escrevia.
Encontrava na solidão todo o conforto possível e vivia doente.
Entendo Nietzsche com muita precisão, muita clareza e até encontro conforto em suas obras.
Fico feliz por ter nascido uma menina e por ter um corpo muito mais forte do que o de Nietzsche se apresentava.
Ele sentia muito, ele sentia tudo. Sua conexão com o mundo espiritual e energético eram tremendos.
Mas eu ainda sou menina, e assim como ele, me dedico a estudar a dança, a música e a forma como o ser humano consegue criar arte.
Encontro na solidão minha maior entrega e escrevo, escrevo, escrevo...
Mesmo com tudo isso, todo esse mundo de possibilidades
meu maior dom ainda é, ser menina.
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