A cura

Os últimos dias foram como se eu estivesse sozinha em uma sala de cinema enquanto o filme da minha vida toda roda na tela. Está sendo um choque para mim essa mudança. Eu achava que era pura e não fazia nada de errado. Ledo engado. Me arrependo até os ossos de quase tudo o que já fiz até aqui. escolhas que eu fiz, decisões que tomei, a pessoa que sou. Me arrependo de não ter dado mais atenção à minha irmã mais nova, de não ter demonstrado amor à minha mãe e familiares que mais precisavam. De não ter ficado perto delas nos momentos de fragilidade familiar, poderia ter dado muito mais, ter feito muito mais. Talvez se eu não condenasse tanto, não maltratasse tanto, minha irmã estaria em um momento diferente. Me faltou a vida toda demonstrar amor às pessoas que realmente mereciam. Eu tive perto de mim algo que provavelmente todos passam, mas não se lembram, não ligam, ignoram. Que é sofrer junto, doer junto, se apoiar, se sustentar. E isso eu nunca fiz, deixei passar. As coisas poderiam ser diferentes agora. Pelo menos pra minha irmã, que hoje é a pessoa que merece toda a minha atenção e devoção. Não sei como recuperar esses anos perdidos que praticamente a abandonei. No final das contas ela ainda é aquela criança perdida, que só conhece o que é ruim e não se acha merecedora do verdadeiro amor, pq nunca ninguém soube demonstrar o que esse amor representa ou mesmo como ele é. Me culpo, porque nunca fui a pessoa boa que eu achava que era, estou muito longe disso. Era bela, mas só por fora, por dentro era podre. Nunca soube dar ou demonstrar amor. Sempre quis as coisas do meu jeito, e o meu umbigo como centro do Universo. É muito difícil ver a vida como ela é, é muito difícil se olhar no espelho e enxergar teus podres. Enquanto eu me doava aos homens que nada queriam de mim, minha irmã e mãe sofriam com a minha ausência.  Mas Jesus vêm sendo minha cura, Jesus vem me mostrando a verdade, a realidade da minha vida e do mundo no qual vivemos. E eu apenas abaixo minha cabeça e escuto seus ensinamentos calada.